Os professores constituem o mais importante recurso em educação. Devido a este facto e à complexidade dos estudos geográficos, são essenciais professores especialistas possuidores de uma adequada formação profissional.
Carta Internacional da Educação Geográfica

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A propósito da razão de ser da Educação Geográfica


Callai, H. (2012). Educação Geográfica: ensinar e aprender Geografia. In Castellar S & Munhoz, G. (org.), Conhecimentos escolares e caminhos metodológicos (pp.73-87). Xamã Editora, São Paulo: Xamã Editora

Neste texto, intitulado Educação geográfica: ensinar e aprender Geografia, Helena Callai apresenta uma reflexão em torno de vários aspetos a propósito da educação geográfica, nomeadamente a importância da mesma, bem como a sua razão de existir. Logo na introdução do texto, a autora refere que “a educação geográfica diz respeito a: ensinar Geografia para que? Se for simplesmente para cumprir um compromisso com um rol de conhecimentos específicos, não há sentido de se pensar em educação geográfica; no entanto, se a perspetiva intrínseca do ensinar Geografia seja dar conta de explicar e compreender o mundo, de se situar no contexto espacial e social em que se vive, de construir instrumentos para tornar o mundo mais justo para a humanidade, então está sendo cumprido o papel educativo de ensinar geografia” (pág.73). Poder-se-á, assim, dizer que esta ideia da autora reflete a verdadeira “missão” da educação geográfica, que acaba mesmo por justificar a sua existência. Ensinar Geografia fará, assim, realmente sentido quando, para além de tratar os conteúdos específicos desta disciplina, houver “a possibilidade de dar sentido mais significativo para esses temas, incorporando a subjetividade dos sujeitos e levando-os a pensar sobre o espaço em que vivem, seja ele o concreto e próximo, seja o distante” (pág.75). Estas afirmações deixam claras as principais preocupações que, segundo a autora, devem estar na base da educação geográfica, de modo que a mesma tenha, efetivamente, razão de ser e consiga alcançar os seus reais objetivos, proporcionando aprendizagens verdadeiramente significativas para quem aprende Geografia, permitindo, igualmente, que quem a ensina reflita sobre a sua prática profissional, no sentido de a tornar cada vez melhor. De acordo com Callai, o contributo da geografia escolar no processo de formação do indivíduo “baseia-se na possibilidade de compreensão do mundo atual com as novas demandas e uma nova espacialidade que é cada vez mais complexa e que reflete os fatos humanos e sociais que acontecem” (pág.78). Num mundo cada vez mais complexo, há que saber entender as constantes transformações que vão acontecendo, aspeto em que a educação geográfica pode desempenhar um papel de relevo, que não deve ser desvalorizado. “O ensino da Geografia caracteriza-se, então, como a possibilidade de desenvolver raciocínios geográficos por meio de um olhar espacial que permita compreender a sociedade” (pág.79).


Estes são, assim, os aspetos que estão na base desta reflexão de Helena Callai e que a autora transporta para questões como: Para que ensinar Geografia; Como ensinar Geografia; O que ensinar em Geografia e ainda Para quem ensinar Geografia. A leitura deste trabalho permite, então, ter noção das especificidades que devem estar associadas à geografia escolar, para que a mesma faça realmente sentido, especificidades estas que nos podem também remeter para os vários desafios com que o ensino da Geografia nas escolas se depara. “Se temos claro que estudar geografia significa aprender o mundo, podemos perceber o significado desse conteúdo no currículo da escola” (pág.87).

1 comentário:

  1. OK Ricardo, este post dedicado à reflexão sobre o sentido da educação geográfica, fez-me pensar no artigo que publiquei no final dos anos 90 na Inforgeo. Não conheço o texto, mas pela leitura que fez e que sintetiza neste post parece-me haver muitos pontos em comum.

    O problema maior com que nos deparamos nas escolas é a forma acrítica com que se pratica a geografia, transformando a mesma, muitas vezes num rol de conteúdos verdadeiramente inócuos para os alunos, pois raramente veem nos mesmos utilidade alguma.

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