Os professores constituem o mais importante recurso em educação. Devido a este facto e à complexidade dos estudos geográficos, são essenciais professores especialistas possuidores de uma adequada formação profissional.
Carta Internacional da Educação Geográfica

domingo, 28 de fevereiro de 2016

IPPI - A propósito da 2ª sessão (26/02/2016)

Fachada principal da Escola Secundária D. Filipa de Lencastre

A segunda sessão de IPPI ficou marcada pela visita à Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, sede do Agrupamento de Escolas com o mesmo nome. Esta foi, para mim, uma visita duplamente enriquecedora, na medida que me possibilitou conhecer, de um modo geral, a realidade deste Agrupamento de Escolas, que desconhecia, para além de me ter proporcionado a oportunidade de ter contacto com mais um profissional, com larga experiência no âmbito da docência, mais concretamente a Professora Manuela Sena, que teve a amabilidade de “guiar” esta visita.

Em relação ao Agrupamento, trata-se de uma instituição emblemática, a que está associada uma reconhecida reputação de qualidade e excelência, sendo que a centralidade da localização das respetivas instalações é, ainda hoje, um dos aspetos mais destacados quando se faz referência a este Agrupamento. Esta centralidade foi, aliás, uma das principais razões para a escolha deste local aquando da construção dos edifícios, na altura ainda não destinados à função que hoje têm, mas sim como futuras Escolas de Magistério, vocacionadas para a formação de professores, função que estes edifícios acabaram por nunca desempenhar. De referir que o Agrupamento é formado não só pela Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, que contempla o 3º Ciclo do Ensino Básico e o Ensino Secundário, mas também por uma Escola onde funciona exclusivamente o 2º Ciclo do Ensino Básico, bem como pela Escola EB 1 São João de Deus, onde funciona o 1º Ciclo do Ensino Básico e ainda o Jardim de Infância António José de Almeida. Estamos, assim, perante um Agrupamento de Escolas que contempla todos os níveis de ensino, desde o Jardim de Infância ao Ensino Secundário. A localização dos edifícios de cada uma destas escolas é muito próxima, o que vem reforçar a ideia de centralidade já referida. Este Agrupamento está integrado num bairro, também ele emblemático, onde se tem mantido uma certa homogeneidade no traçado arquitetónico, algo que lhe confere uma imagem muito particular. Este bairro, onde é notório o generalizado envelhecimento da população residente, não é, porém, o local de residência da grande maioria dos cerca de 1800 alunos que estudam neste Agrupamento. O local de trabalho dos encarregados de educação acaba, assim, por ser uma das principais razões que leva a que estes procurem que os seus educandos estudem neste Agrupamento.

Relativamente às instalações da Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, onde decorreu a visita, importa dizer que estas foram alvo de algumas intervenções há cerca de dez anos, o que significou várias mais-valias para estas instalações na atualidade. A escola dispõe, hoje, por exemplo, de um espaço polivalente, preparado e equipado para a realização de atividades de natureza diversa, podendo funcionar, por exemplo, como auditório. Existem laboratórios específicos e individualizados para várias disciplinas, como é o caso da Física e da Química. A biblioteca é, igualmente, um espaço valorizado, onde os alunos dispõem de vários materiais e equipamentos que os podem auxiliar no seu estudo e realização de trabalhos. 

Biblioteca

Estão ainda presentes outros serviços como refeitório, bar e ainda uma loja escolar, onde os alunos podem adquirir os vários materiais escolares de que necessitam, entre os quais os próprios manuais escolares das várias disciplinas. Gostaria de destacar o caso da sala de professores, um magnífico espaço onde se preservam elementos que integravam a antiga biblioteca, que existiam anteriormente naquele espaço. 


Sala de Professores
Sala de Professores

Quanto à oferta formativa do Agrupamento, esta contempla, como já foi referido, os vários níveis de ensino, sendo que ao nível do Ensino Secundário, funcionam três turmas na área das Ciências e Tecnologias, duas turmas na área das Ciências Socioeconómicas e uma turma na área de Línguas e Humanidades, não existindo, neste momento, turmas em funcionamento no ensino noturno. No Agrupamento, as várias disciplinas estão agrupadas por Departamentos, sendo que a Geografia é assegurada por cinco docentes (três deles fazendo parte do Quadro do Agrupamento) e integra o Departamento de Ciências Socioeconómicas. O Agrupamento tem por hábito dinamizar várias atividades, o que nos remete também para o próprio Plano Anual de Atividades. A participação da Geografia nem sempre é das mais notadas, algo muito relacionado com algumas limitações em termos de tempo. De qualquer forma, a Geografia não deixa de ter a sua participação, nomeadamente através da realização de visitas de estudo. Estas são alvo de regulação, devendo as respetivas propostas ser discutidas pelo Conselho Pedagógico e aprovadas pela Direção do Agrupamento. No 3º período, por exemplo, não é autorizada, por regra, a realização de visitas de estudo. No fundo, estas questões remetem-nos para um importante instrumento quando falamos do funcionamento de qualquer estabelecimento de ensino, mais concretamente o Regulamento Interno. Em relação aos alunos e apesar da ocorrência de alguns casos de indisciplina, este não é, felizmente, um problema com especial expressão no Agrupamento. Este facto ficou patente durante a própria visita, assistindo-se a situações como aulas a decorrerem de portas abertas, sem qualquer tipo de perturbação, ou ainda um episódio em que, apesar de no momento não estar presente nenhum funcionário na biblioteca, vários alunos se instalaram no espaço, sem que isso tenha significado qualquer tipo de agitação. Do igual modo, sem qualquer tipo de perturbação, os mesmos alunos abandonaram o espaço ordeiramente, quando foram informados de que teriam de aguardar a chegada de um funcionário. Penso que episódios como este ilustram o bom ambiente que, de um modo geral, é vivido no Agrupamento e acaba por contribuir para fazer dele uma instituição de referência.

Não quero terminar esta minha reflexão sem deixar uma palavra de agradecimento à Professora Manuela Sena, cujo testemunho foi fundamental para compreender a realidade do Agrupamento. Não esqueçamos que se trata de alguém há mais de trinta anos a lecionar neste Agrupamento, tendo, inclusivamente, passado pela Direção do mesmo. Nas suas palavras ficaram também patentes algumas preocupações que merecem ser tidas em conta, nomeadamente o facto de, muitas vezes, o envolvimento dos professores mais jovens na escola ser muito fraco, estando “de passagem” e não tendo, por exemplo, um conhecimento mínimo daquilo que é definido em documentos como o Projeto Educativo de Escola. É, para mim, muito importante o contacto com estas pessoas, cuja experiência no Ensino é já muito vasta, sendo que com os respetivos testemunhos podemos sempre aprender algo mais. 

domingo, 21 de fevereiro de 2016

MEG - A propósito da 1ª sessão (19/02/2016)

Vista a partir do miradouro de Coruche

É caso para dizer que a popular frase faz todo o sentido e uma imagem pode mesmo valer mais do que mil palavras. Esta foi, a meu ver, uma das principais ideias que ficaram patentes na primeira sessão de Metodologia do Ensino da Geografia, através do exercício de apresentação que foi realizado, em que cada pessoa selecionou uma fotografia de uma paisagem com algum tipo de significado pessoal, na medida que uma imagem selecionada por nós pode dizer muito acerca daquilo que somos, gostamos, acreditamos. Para além de evidenciar estas potencialidades que uma imagem pode ter aquando da apresentação de uma pessoa, penso que este exercício serviu também para realçar as relações que cada um de nós, inevitavelmente, estabelece com o espaço. Este é, aliás, um tema que já tive oportunidade de abordar nas reflexões que tenho publicado neste blogue. Todos temos as nossas paisagens, os nossos lugares, espaços que, por alguma razão, têm algum tipo significado para nós, acabando por revelar um pouco daquilo que efetivamente somos. Não será esta, afinal, uma das mais puras e simples formas de aproximação entre o indivíduo e a Geografia? Na minha opinião, convidar alunos do Ensino Básico e Secundário a refletir sobre os seus lugares, sobre as paisagens que lhes são significativas pode ser uma boa forma de os consciencializar para a importância e presença da Geografia no seu dia-a-dia, pelo que faz, para mim, todo o sentido que este tipo de atividade seja abordado numa UC de Metodologia do Ensino da Geografia.

Cultura geográfica foi, a meu ver, outra das noções-chave desta primeira sessão de MEG. Aperfeiçoar constantemente a sua cultura geográfica é uma preocupação que qualquer docente de Geografia deve ter em conta, o que conferirá, certamente, um maior nível de profissionalismo à sua própria atuação enquanto professor. Nesta sessão, estas noções de cultura geográfica estiveram relacionadas, mais concretamente, com a afirmação e institucionalização da Geografia em Portugal, ao longo do tempo, com destaque para o contributo que o ensino da Geografia tive no âmbito deste processo. Se o aparecimento da Geografia na Universidade em 1904 é um marco que não pode ser ignorado, não menos importantes serão as anteriores Reformas de 1835 e 1836, quando a Geografia entra no sistema de ensino. A importância da Geografia está, inclusivamente, associada a uma ideia de identificação nacional, estando diretamente relacionada com a noção de território, precisamente um dos três traços principais quando falamos em identidade nacional. Estas informações são, a meu ver, importantes no âmbito da formação de um futuro professor de Geografia, não devendo ser ignoradas. Ensinar uma área do Saber pressupõe também conhecer a sua importância em termos históricos e o caminho de afirmação percorrido pela mesma.

IPPI - A propósito da 1ª sessão (19/02/2016)

À primeira vista, poderíamos dizer que a primeira sessão de IPPI foi algo “burocrática”, sem que a esta ideia associemos, no entanto, um sentido pejorativo. Afinal, foram abordadas questões ligadas à própria organização da unidade curricular (UC), algo que faz sentido e é importante qualquer que seja a UC em questão e particularmente nesta, que apresenta um conjunto de especificidades que motivam uma atenção especial, atendendo também ao papel de relevo que desempenha no âmbito do próprio Plano de Estudos do Mestrado em Ensino de Geografia. A principal função desta primeira sessão de IPPI foi, assim, a meu ver, de enquadramento da UC, algo que, na minha opinião, é fundamental e imprescindível. Como alguém diria, a primeira aula de qualquer disciplina é sempre uma das mais importantes, pois nela são discutidas e definidas as “regras do jogo”.

Um novo “ciclo”

Inicia-se, hoje, um novo “ciclo” na existência deste blogue. Até aqui relacionado diretamente com a unidade curricular de Didática da Geografia, continuará, agora, a ser desenvolvido no âmbito das unidades curriculares de Iniciação à Prática Profissional I (IPPI) e Metodologia do Ensino da Geografia (MEG). Neste espaço procurarei apresentar as minhas reflexões a propósito das sessões de ambas as unidades curriculares, de um modo geral, bem como refletindo acerca de alguns temas, a meu ver, relevantes no âmbito do ensino da Geografia, também eles abordados ao longo das mesmas sessões.