Vista a partir do miradouro de Coruche |
É caso para dizer que a popular frase faz todo o sentido e
uma imagem pode mesmo valer mais do que mil palavras. Esta foi, a meu ver, uma
das principais ideias que ficaram patentes na primeira sessão de Metodologia do
Ensino da Geografia, através do exercício de apresentação que foi realizado, em
que cada pessoa selecionou uma fotografia de uma paisagem com algum tipo de
significado pessoal, na medida que uma imagem selecionada por nós pode dizer
muito acerca daquilo que somos, gostamos, acreditamos. Para além de evidenciar
estas potencialidades que uma imagem pode ter aquando da apresentação de uma
pessoa, penso que este exercício serviu também para realçar as relações que
cada um de nós, inevitavelmente, estabelece com o espaço. Este é, aliás, um
tema que já tive oportunidade de abordar nas reflexões que tenho publicado
neste blogue. Todos temos as nossas paisagens, os nossos lugares, espaços que,
por alguma razão, têm algum tipo significado para nós, acabando por revelar um
pouco daquilo que efetivamente somos. Não será esta, afinal, uma das mais puras
e simples formas de aproximação entre o indivíduo e a Geografia? Na minha
opinião, convidar alunos do Ensino Básico e Secundário a refletir sobre os seus
lugares, sobre as paisagens que lhes são significativas pode ser uma boa forma de
os consciencializar para a importância e presença da Geografia no seu
dia-a-dia, pelo que faz, para mim, todo o sentido que este tipo de atividade
seja abordado numa UC de Metodologia do Ensino da Geografia.
Cultura geográfica foi, a meu ver, outra das noções-chave
desta primeira sessão de MEG. Aperfeiçoar constantemente a sua cultura
geográfica é uma preocupação que qualquer docente de Geografia deve ter em
conta, o que conferirá, certamente, um maior nível de profissionalismo à sua
própria atuação enquanto professor. Nesta sessão, estas noções de cultura
geográfica estiveram relacionadas, mais concretamente, com a afirmação e
institucionalização da Geografia em Portugal, ao longo do tempo, com destaque
para o contributo que o ensino da Geografia tive no âmbito deste processo. Se o
aparecimento da Geografia na Universidade em 1904 é um marco que não pode ser
ignorado, não menos importantes serão as anteriores Reformas de 1835 e 1836,
quando a Geografia entra no sistema de ensino. A importância da Geografia está,
inclusivamente, associada a uma ideia de identificação nacional, estando
diretamente relacionada com a noção de território, precisamente um dos três
traços principais quando falamos em identidade nacional. Estas informações são,
a meu ver, importantes no âmbito da formação de um futuro professor de
Geografia, não devendo ser ignoradas. Ensinar uma área do Saber pressupõe
também conhecer a sua importância em termos históricos e o caminho de afirmação
percorrido pela mesma.
Caro Ricardo, um texto muito bem escrito e pertinente (e atempado). Eu chamaria a atenção para o facto de se tratar, neste caso, de uma cultura geral sobre a educação geográfica que se enquadra, claro, na cultura geográfica, mais em geral). Esperamos que um professor saiba falar com os seus alunos, na sala de aula, no café, sobre a origem e significado da sua disciplina. Eu não escreveria que a disciplina de Geografia está, inclusivamente, associada à ideia de identificação nacional - pelos exemplos dados, do século XIX e do século XXI, está muito associada a esse identificação, pese embora a manutenção de um Geografia geral iluminista. E falta falar das consequências... Sobre a indicação da paisagem, o Ricardo disse quase tudo... e o facto de constituir uma forma lúdica, expedita, de colocar as pessoas a apresentarem-se, "espontaneamente"?
ResponderEliminarSérgio Claudino
Caro Ricardo, um texto muito bem escrito e pertinente (e atempado). Eu chamaria a atenção para o facto de se tratar, neste caso, de uma cultura geral sobre a educação geográfica que se enquadra, claro, na cultura geográfica, mais em geral). Esperamos que um professor saiba falar com os seus alunos, na sala de aula, no café, sobre a origem e significado da sua disciplina. Eu não escreveria que a disciplina de Geografia está, inclusivamente, associada à ideia de identificação nacional - pelos exemplos dados, do século XIX e do século XXI, está muito associada a esse identificação, pese embora a manutenção de um Geografia geral iluminista. E falta falar das consequências... Sobre a indicação da paisagem, o Ricardo disse quase tudo... e o facto de constituir uma forma lúdica, expedita, de colocar as pessoas a apresentarem-se, "espontaneamente"?
ResponderEliminarSérgio Claudino