Os professores constituem o mais importante recurso em educação. Devido a este facto e à complexidade dos estudos geográficos, são essenciais professores especialistas possuidores de uma adequada formação profissional.
Carta Internacional da Educação Geográfica

domingo, 21 de fevereiro de 2016

MEG - A propósito da 1ª sessão (19/02/2016)

Vista a partir do miradouro de Coruche

É caso para dizer que a popular frase faz todo o sentido e uma imagem pode mesmo valer mais do que mil palavras. Esta foi, a meu ver, uma das principais ideias que ficaram patentes na primeira sessão de Metodologia do Ensino da Geografia, através do exercício de apresentação que foi realizado, em que cada pessoa selecionou uma fotografia de uma paisagem com algum tipo de significado pessoal, na medida que uma imagem selecionada por nós pode dizer muito acerca daquilo que somos, gostamos, acreditamos. Para além de evidenciar estas potencialidades que uma imagem pode ter aquando da apresentação de uma pessoa, penso que este exercício serviu também para realçar as relações que cada um de nós, inevitavelmente, estabelece com o espaço. Este é, aliás, um tema que já tive oportunidade de abordar nas reflexões que tenho publicado neste blogue. Todos temos as nossas paisagens, os nossos lugares, espaços que, por alguma razão, têm algum tipo significado para nós, acabando por revelar um pouco daquilo que efetivamente somos. Não será esta, afinal, uma das mais puras e simples formas de aproximação entre o indivíduo e a Geografia? Na minha opinião, convidar alunos do Ensino Básico e Secundário a refletir sobre os seus lugares, sobre as paisagens que lhes são significativas pode ser uma boa forma de os consciencializar para a importância e presença da Geografia no seu dia-a-dia, pelo que faz, para mim, todo o sentido que este tipo de atividade seja abordado numa UC de Metodologia do Ensino da Geografia.

Cultura geográfica foi, a meu ver, outra das noções-chave desta primeira sessão de MEG. Aperfeiçoar constantemente a sua cultura geográfica é uma preocupação que qualquer docente de Geografia deve ter em conta, o que conferirá, certamente, um maior nível de profissionalismo à sua própria atuação enquanto professor. Nesta sessão, estas noções de cultura geográfica estiveram relacionadas, mais concretamente, com a afirmação e institucionalização da Geografia em Portugal, ao longo do tempo, com destaque para o contributo que o ensino da Geografia tive no âmbito deste processo. Se o aparecimento da Geografia na Universidade em 1904 é um marco que não pode ser ignorado, não menos importantes serão as anteriores Reformas de 1835 e 1836, quando a Geografia entra no sistema de ensino. A importância da Geografia está, inclusivamente, associada a uma ideia de identificação nacional, estando diretamente relacionada com a noção de território, precisamente um dos três traços principais quando falamos em identidade nacional. Estas informações são, a meu ver, importantes no âmbito da formação de um futuro professor de Geografia, não devendo ser ignoradas. Ensinar uma área do Saber pressupõe também conhecer a sua importância em termos históricos e o caminho de afirmação percorrido pela mesma.

2 comentários:

  1. Caro Ricardo, um texto muito bem escrito e pertinente (e atempado). Eu chamaria a atenção para o facto de se tratar, neste caso, de uma cultura geral sobre a educação geográfica que se enquadra, claro, na cultura geográfica, mais em geral). Esperamos que um professor saiba falar com os seus alunos, na sala de aula, no café, sobre a origem e significado da sua disciplina. Eu não escreveria que a disciplina de Geografia está, inclusivamente, associada à ideia de identificação nacional - pelos exemplos dados, do século XIX e do século XXI, está muito associada a esse identificação, pese embora a manutenção de um Geografia geral iluminista. E falta falar das consequências... Sobre a indicação da paisagem, o Ricardo disse quase tudo... e o facto de constituir uma forma lúdica, expedita, de colocar as pessoas a apresentarem-se, "espontaneamente"?
    Sérgio Claudino

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  2. Caro Ricardo, um texto muito bem escrito e pertinente (e atempado). Eu chamaria a atenção para o facto de se tratar, neste caso, de uma cultura geral sobre a educação geográfica que se enquadra, claro, na cultura geográfica, mais em geral). Esperamos que um professor saiba falar com os seus alunos, na sala de aula, no café, sobre a origem e significado da sua disciplina. Eu não escreveria que a disciplina de Geografia está, inclusivamente, associada à ideia de identificação nacional - pelos exemplos dados, do século XIX e do século XXI, está muito associada a esse identificação, pese embora a manutenção de um Geografia geral iluminista. E falta falar das consequências... Sobre a indicação da paisagem, o Ricardo disse quase tudo... e o facto de constituir uma forma lúdica, expedita, de colocar as pessoas a apresentarem-se, "espontaneamente"?
    Sérgio Claudino

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