Fachada principal da Escola Secundária D. Filipa de Lencastre |
A segunda sessão de IPPI ficou marcada pela visita à Escola
Secundária D. Filipa de Lencastre, sede do Agrupamento de Escolas com o mesmo
nome. Esta foi, para mim, uma visita duplamente enriquecedora, na medida que me
possibilitou conhecer, de um modo geral, a realidade deste Agrupamento de
Escolas, que desconhecia, para além de me ter proporcionado a oportunidade de
ter contacto com mais um profissional, com larga experiência no âmbito da
docência, mais concretamente a Professora Manuela Sena, que teve a amabilidade
de “guiar” esta visita.
Em relação ao Agrupamento, trata-se de uma instituição emblemática, a que está associada uma reconhecida reputação de qualidade e excelência, sendo que a centralidade da localização das respetivas instalações é, ainda hoje, um dos aspetos mais destacados quando se faz referência a este Agrupamento. Esta centralidade foi, aliás, uma das principais razões para a escolha deste local aquando da construção dos edifícios, na altura ainda não destinados à função que hoje têm, mas sim como futuras Escolas de Magistério, vocacionadas para a formação de professores, função que estes edifícios acabaram por nunca desempenhar. De referir que o Agrupamento é formado não só pela Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, que contempla o 3º Ciclo do Ensino Básico e o Ensino Secundário, mas também por uma Escola onde funciona exclusivamente o 2º Ciclo do Ensino Básico, bem como pela Escola EB 1 São João de Deus, onde funciona o 1º Ciclo do Ensino Básico e ainda o Jardim de Infância António José de Almeida. Estamos, assim, perante um Agrupamento de Escolas que contempla todos os níveis de ensino, desde o Jardim de Infância ao Ensino Secundário. A localização dos edifícios de cada uma destas escolas é muito próxima, o que vem reforçar a ideia de centralidade já referida. Este Agrupamento está integrado num bairro, também ele emblemático, onde se tem mantido uma certa homogeneidade no traçado arquitetónico, algo que lhe confere uma imagem muito particular. Este bairro, onde é notório o generalizado envelhecimento da população residente, não é, porém, o local de residência da grande maioria dos cerca de 1800 alunos que estudam neste Agrupamento. O local de trabalho dos encarregados de educação acaba, assim, por ser uma das principais razões que leva a que estes procurem que os seus educandos estudem neste Agrupamento.
Relativamente às instalações da Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, onde decorreu a visita, importa dizer que estas foram alvo de algumas intervenções há cerca de dez anos, o que significou várias mais-valias para estas instalações na atualidade. A escola dispõe, hoje, por exemplo, de um espaço polivalente, preparado e equipado para a realização de atividades de natureza diversa, podendo funcionar, por exemplo, como auditório. Existem laboratórios específicos e individualizados para várias disciplinas, como é o caso da Física e da Química. A biblioteca é, igualmente, um espaço valorizado, onde os alunos dispõem de vários materiais e equipamentos que os podem auxiliar no seu estudo e realização de trabalhos.
Biblioteca |
Estão ainda presentes outros serviços como refeitório, bar e ainda uma loja escolar, onde os alunos podem adquirir os vários materiais escolares de que necessitam, entre os quais os próprios manuais escolares das várias disciplinas. Gostaria de destacar o caso da sala de professores, um magnífico espaço onde se preservam elementos que integravam a antiga biblioteca, que existiam anteriormente naquele espaço.
Sala de Professores |
Sala de Professores |
Quanto à oferta formativa do Agrupamento, esta contempla, como já foi referido, os vários níveis de ensino, sendo que ao nível do Ensino Secundário, funcionam três turmas na área das Ciências e Tecnologias, duas turmas na área das Ciências Socioeconómicas e uma turma na área de Línguas e Humanidades, não existindo, neste momento, turmas em funcionamento no ensino noturno. No Agrupamento, as várias disciplinas estão agrupadas por Departamentos, sendo que a Geografia é assegurada por cinco docentes (três deles fazendo parte do Quadro do Agrupamento) e integra o Departamento de Ciências Socioeconómicas. O Agrupamento tem por hábito dinamizar várias atividades, o que nos remete também para o próprio Plano Anual de Atividades. A participação da Geografia nem sempre é das mais notadas, algo muito relacionado com algumas limitações em termos de tempo. De qualquer forma, a Geografia não deixa de ter a sua participação, nomeadamente através da realização de visitas de estudo. Estas são alvo de regulação, devendo as respetivas propostas ser discutidas pelo Conselho Pedagógico e aprovadas pela Direção do Agrupamento. No 3º período, por exemplo, não é autorizada, por regra, a realização de visitas de estudo. No fundo, estas questões remetem-nos para um importante instrumento quando falamos do funcionamento de qualquer estabelecimento de ensino, mais concretamente o Regulamento Interno. Em relação aos alunos e apesar da ocorrência de alguns casos de indisciplina, este não é, felizmente, um problema com especial expressão no Agrupamento. Este facto ficou patente durante a própria visita, assistindo-se a situações como aulas a decorrerem de portas abertas, sem qualquer tipo de perturbação, ou ainda um episódio em que, apesar de no momento não estar presente nenhum funcionário na biblioteca, vários alunos se instalaram no espaço, sem que isso tenha significado qualquer tipo de agitação. Do igual modo, sem qualquer tipo de perturbação, os mesmos alunos abandonaram o espaço ordeiramente, quando foram informados de que teriam de aguardar a chegada de um funcionário. Penso que episódios como este ilustram o bom ambiente que, de um modo geral, é vivido no Agrupamento e acaba por contribuir para fazer dele uma instituição de referência.
Não quero terminar esta minha reflexão sem deixar uma
palavra de agradecimento à Professora Manuela Sena, cujo testemunho foi
fundamental para compreender a realidade do Agrupamento. Não esqueçamos que se
trata de alguém há mais de trinta anos a lecionar neste Agrupamento, tendo,
inclusivamente, passado pela Direção do mesmo. Nas suas palavras ficaram também
patentes algumas preocupações que merecem ser tidas em conta, nomeadamente o
facto de, muitas vezes, o envolvimento dos professores mais jovens na escola
ser muito fraco, estando “de passagem” e não tendo, por exemplo, um
conhecimento mínimo daquilo que é definido em documentos como o Projeto
Educativo de Escola. É, para mim, muito importante o contacto com estas
pessoas, cuja experiência no Ensino é já muito vasta, sendo que com os
respetivos testemunhos podemos sempre aprender algo mais.
Um texto muito bem escrito! Acrescentaria, entretanto, o facto de esta ser muito solicitada e estar muito bem posicionada no "ranking" das escolas públicas, acabando muitos dos seus alunos virem diariamente para Lisboa, acompanhados pelos pais - com uma seleção que se traduz no comportamento testemunhado pelo Ricardo e por eu próprio. Uma nota para as salas do RC, todas elas com o nome de figuras insignes. A Escola tenta visivelmente um compromisso entre a modernidade e um passado de algum prestígio
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