O "antes" e "depois" das perguntas apresentadas pelos mestrandos |
Foram dois os grandes momentos da nona sessão de MEG. Tudo
começou, em jeito de sistematização, com a clarificação de alguns aspetos que
não devem ser esquecidos quando se fala de planificações letivas, mais
concretamente a organização geral que deve ser seguida quando pensamos na
planificação de sequências didáticas a propósito de determinado tema. É, assim,
importante começar por destacar a relevância social do tema em questão, o que
nos remete para a forte componente de cidadania que está associada à Geografia.
Esta é uma disciplina cujos temas podem ser fundamentais, por exemplo, para que
um aluno tenha uma atitude mais esclarecida quanto à construção e organização
do território, o que se refletirá, certamente, na sua postura enquanto cidadão.
A este destaque da relevância social do tema em estudo deve seguir-se um
levantamento das ideias prévias dos alunos acerca do mesmo tema, algo que, tal
como já foi abordado, torna-se fundamental para uma conveniente planificação
letiva. Estas ideias prévias devem, depois ser “confrontadas” com informação
científica, algo que vai levar a uma reconstrução do conhecimento do aluno a
propósito do referido tema. Esta constante reformulação conduz, assim, a que o
aluno tenha um conhecimento progressivamente mais integrado e coerente acerca
dos vários temas com que vai tendo contacto. Naturalmente, nenhuma sequência
letiva deve terminar por aqui, uma vez que não pode também ser esquecida a
componente de avaliação, que acaba por refletir uma aplicação do conhecimento.
Este é um aspeto de especial relevância, já que o conhecimento não pode ser
meramente teórico, havendo uma componente prática que não pode ser esquecida. O
conhecimento deve levar à atuação, à resolução de situações reais. Com o que
aprende, o aluno deve interrogar-se sobre como o pode aplicar na realidade, que
soluções pode encontrar a partir daquilo que aprendeu. Esta não é, porém, a
realidade que observamos nos dias de hoje, já que à Geografia continua a estar
associada uma conceção em que predomina a descrição. É certo que descrever é
uma competência que ninguém pode dissociar da Geografia e não deve ser
desvalorizada, no entanto não pode ser exclusiva.
Na segunda parte da sessão retomou-se um assunto já abordado
anteriormente. Falo da formulação de perguntas, desta vez no âmbito da
elaboração de um teste de avaliação. Formular perguntas de uma forma realmente
correta não é uma tarefa simples e direta, havendo uma série de aspetos que
devem ser tidos em conta. É interessante notar que todas as perguntas que foram
sugeridas pelos mestrandos, durante a sessão, ilustram esta dificuldade, tendo
ficado patentes, em cada uma delas, algumas incorreções que já há muito tempo
são frequentemente encontradas em testes de avaliação, perdurando esta situação
ainda hoje. Entre estes aspetos a ter em conta está a importância de os alunos
saberem claramente qual é o critério de excelência associado a cada pergunta,
ou seja, o que terão de responder para obter a cotação máxima que possa ser
atribuída àquela resposta. A ambiguidade é, assim, uma característica que não
deve estar presente em perguntas de um teste de avaliação. Outra característica
que não deve marcar presença nestas perguntas é a subjetividade na formulação
das mesmas. Por outras palavras, deve ser possível que qualquer pergunta possa
ser respondida por qualquer aluno e não apenas por alunos do professor que
formulou a mesma pergunta. De igual modo, uma pergunta num teste de avaliação
não deve apelar à opinião dos alunos face a determinado tema, uma vez que este
facto acaba sempre por introduzir uma certa ambiguidade e subjetividade, algo
que, como já vimos, não se compadece com uma avaliação efetivamente correta e
coerente. Um outro aspeto diz respeito à terminologia utilizada, a qual deve
ser cuidadosamente escolhida, atendendo aos objetivos de cada pergunta. Fica,
assim, cada vez mais clara a ideia de que a elaboração de um teste de avaliação
não é uma tarefa propriamente simples, sendo a correta formulação das perguntas
um dos principais desafios neste âmbito.