Os professores constituem o mais importante recurso em educação. Devido a este facto e à complexidade dos estudos geográficos, são essenciais professores especialistas possuidores de uma adequada formação profissional.
Carta Internacional da Educação Geográfica

domingo, 10 de abril de 2016

Um esquema pode valer mais que mil imagens

Um esquema manual a propósito da duração dos dias e das noites no Hemisfério Norte

Fazendo um balanço geral da sexta sessão de MEG, considero que a mesma contou com quatro momentos principais, cada um com as respetivas especificidades, sendo qualquer um deles igualmente relevante.

Tudo começou com a definição da data de entrega do trabalho final desta unidade curricular, entrega esta que ficou agendada para o dia 22/06/2016. Este trabalho consiste na planificação de uma sequência didática para aproximadamente cinco aulas, contemplando também a construção dos materiais necessários à aplicação da mesma sequência. Este é, a meu ver, um tipo de trabalho pertinente no âmbito desta unidade curricular, na medida em que implica um contacto privilegiado com a elaboração de planificações a diferentes níveis, desde o longo prazo, ao curto prazo, para além de contemplar a construção de materiais didáticos. Estas são, no fundo, duas das principais tarefas que fazem parte do dia-a-dia de qualquer professor, sendo, naturalmente, fundamental o treino das mesmas, algo que este trabalho pode, precisamente, proporcionar.

Num segundo momento desta sexta sessão ficou patente, a meu ver, um dos desafios inerentes à prática docente. Falo de uma capacidade de mobilização imediata de conhecimentos científicos associados à área da docência, neste caso a Geografia. Um professor deve procurar desenvolver esta capacidade, algo fundamental, por exemplo, nos momentos em que haja necessidade de este esclarecer as dúvidas apresentadas pelos seus alunos. A manifestação desta capacidade, por parte dos mestrandos presentes nesta sexta sessão de MEG, ficou aquém do expectável, mais concretamente a propósito do tema da duração dos dias e das noites, associado aos Solstícios e Equinócios. Penso que a prática profissional terá, aqui, um papel de relevo, na medida que permitirá um contacto mais prático e continuado com os vários conteúdos, podendo, assim, contribuir para um desenvolvimento e aperfeiçoamento desta capacidade de mobilização.

O terceiro grande momento desta sessão serviu de inspiração para o título que atribuí ao presente texto. Foi, assim, destacada a importância da construção de esquemas, elementos que introduzem uma maior riqueza do ponto de vista da leitura e da interpretação comparativamente, por exemplo, com as fotografias. É certo que estas últimas poderão ser mais atrativas do ponto de vista visual e estético, no entanto não colocarão em evidência, de uma forma tão evidente, os aspeto principais de uma paisagem, por exemplo, algo que será mais facilmente identificável num esquema, nomeadamente num esboço. Esta questão remete-nos para um outro aspeto, relacionado com a importância do desenho e a riqueza didática que este pode oferecer no âmbito da Geografia. Uma representação mais esquemática, recorrendo frequentemente ao desenho, poderá ajudar a clarificar as ideias principais associadas a determinado conteúdo, por exemplo. Poder-se-á, até, dizer que a presença de esquemas e desenhos será um indicador de qualidade associado a um manual escolar. Não foi, assim, ao acaso que o esquema que ilustra este texto foi construído, por mim, manualmente.

Esta sexta sessão de MEG terminou com a continuação da análise, já iniciada na sessão anterior, da proposta de Frances Slater. Mais uma vez, foi destacada a diversidade associada a esta proposta, contemplando atividades de natureza distinta, organizadas não aleatoriamente. Trata-se de uma proposta que se enquadra na chamada Escola Anglo-Saxónica, procurando levar os alunos a “construírem o território”. Recorde-se que, nesta proposta, os alunos deveriam construir um mapa, partindo de uma base muito simples e utilizando uma legenda específica que lhes era fornecida. Para além disto, os alunos eram conduzidos à necessidade de tomarem decisões perante uma situação de conflito de interesses, tomando partido por uma opção, o que encorajava a uma certa discussão de pontos de vista distintos. Este não é, porém, o tipo de proposta habitualmente aplicada em Portugal. Aqui, a influência da Escola Francófona é mais visível.    

1 comentário:

  1. na realidade, uma sessão com vários momentos, como refere o Ricardo. Uma boa caraterização dos mesmos... Boa primavera, apesar dos trabalhos escolares!

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