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Carta Internacional da Educação Geográfica

quinta-feira, 10 de março de 2016

A aula - um momento feito de momentos…

Um sumário para a 3ª sessão de IPPI

Um dos temas que deve merecer especial atenção por parte de quem ambiciona ser professor diz respeito aos aspetos relacionados com a planificação de aulas. Este foi, precisamente, o tema tratado na terceira sessão de IPPI, mais concretamente quanto à duração das aulas e aos grandes momentos que estruturam uma aula.

Quanto à duração das aulas, a Reorganização Curricular de 2001 veio introduzir uma significativa novidade, nomeadamente o aumento da duração das aulas de cinquenta para noventa minutos. Procurou-se apostar num ensino mais centrado nos alunos, com aulas em que houvesse espaço, por exemplo, para a realização de atividades práticas, pelos alunos. Cinquenta minutos acabavam por não ser suficientes para uma conveniente aplicação deste tipo de estratégia, daí a aposta em aulas de noventa minutos, situação que se verifica ainda hoje. De qualquer das formas, quer seja de cinquenta minutos, quer seja de noventa minutos, o tempo de duração de uma aula não é, regra geral, aproveitado todo exatamente da mesma forma, sendo que uma aula é composta por três momentos principais, cada um com as respetivas especificidades.

Tudo começa, naturalmente, pelo princípio, com a entrada dos alunos na sala de aula, ocupando os respetivos lugares e começando a mobilizar o material necessário para a aula. Neste primeiro grande momento, faz sentido uma breve síntese dos assuntos tratados na aula anterior, estabelecendo a ligação com os conteúdos a tratar na aula em questão, os quais podem e devem ser apresentados pelo professor que, ao mesmo tempo, vai também tentando cativar e motivar os alunos para os temas que vão ser tratados. Uma simples frase ou interrogação no início da aula pode ser o suficiente para captar mais facilmente a atenção e o interesse dos alunos face ao que ali vai ser tratado. Neste primeiro grande momento da aula, pode ainda ter lugar a elaboração do sumário, assunto que retomarei mais adiante, dada a sua relevância neste âmbito.

O segundo grande momento da aula refere-se, no fundo, ao desenvolvimento da mesma, sendo que, neste desenvolvimento, “diversificar” deve ser a palavra-chave. Há, assim, que apostar numa diversificação de estratégias e situações de aprendizagem. Este é um espaço onde pode ter lugar, por exemplo, a realização de tarefas, de natureza diversificada, tarefas estas que devem ser “lançadas” de uma forma clara, contemplando, inclusivamente, a informação do tempo disponível para a concretização destas mesmas tarefas. Estes são, claramente, momentos dos alunos, em que estes devem estar concentrados na realização das tarefas indicadas, devendo o professor manter-se em silêncio. Esta situação remete-nos, aliás, para a ideia de um ensino mais centrado no aluno, algo muito presente no “espírito” da Reorganização Curricular de 2001.

Quanto ao terceiro grande momento da aula, este diz respeito à fase final da mesma, devendo o professor ter a preocupação de planear este momento, em que pode ter lugar uma síntese do que foi tratado na aula, bem como a elaboração do sumário da aula, que pode também acontecer neste momento de finalização da aula.

Em relação ao sumário, este merece uma referência particular, dada a sua importância e tendo em conta que foi um assunto que mereceu uma abordagem especial nesta terceira sessão de IPPI, nomeadamente quanto ao momento da aula em que este deve ser elaborado. Por um lado, a elaboração do sumário no início da aula pode ser útil, já que pode funcionar como um momento que marca o começo da aula, levando os alunos a perceber que a aula está, efetivamente, a ter início, obrigando-os a mobilizar o material necessário para a aula, nomeadamente o caderno diário. O sumário no início da aula permite, também, que os alunos tenham uma noção do que vai ser tratado na mesma aula, para além de que acaba por estabelecer “metas” para o trabalho do professor, que tem a preocupação de planificar toda a aula de maneira e conseguir “cumprir” o que está definido no sumário. Por outro lado, a elaboração do sumário no final da aula pode, também, ter vantagens, na medida em que pode funcionar como síntese do que se abordou na aula, algo que pode contribuir para aumentar a riqueza educativa deste elemento. O sumário no final da aula permite, ainda, a possibilidade da colaboração dos alunos na elaboração do mesmo, algo que pode contribuir para que este elemento se torne ainda mais útil e significativo para os mesmos alunos.

Quer tenha lugar no início da aula, quer no final da mesma, a elaboração do sumário é algo que não deve ser desvalorizado pelo professor, que deve ter o cuidado de explorar o valor educativo que este elemento pode ter. Um sumário deve contemplar informações verdadeiramente significativas para os alunos, conteúdos que os ajudem no seu processo de aprendizagem. Pode, assim, dizer-se que um sumário deve ser construído tal como é elaborado o título de uma notícia de jornal, ou seja, com conteúdo capaz de captar a atenção do leitor.

Num registo mais informal, podemos dizer que a centralidade do sumário está presente até nas páginas dos tradicionais livros de ponto, instrumentos que, durante largos anos, fizeram parte do dia-a-dia de qualquer professor. Com a imagem com que ilustro este texto, pretendi, precisamente, prestar um pequeno tributo a este mítico instrumento, hoje em dia já menos utilizado. Aproveito também para deixar a minha sugestão de sumário para esta sessão de IPPI: “Os grandes momentos de uma aula: o início da aula e a apresentação dos conteúdos a tratar; o desenvolvimento da aula e a necessidade de uma diversificação de estratégias; o final da aula, momento de síntese. O valor educativo do sumário da aula: marco no início de uma aula/ momento de síntese colaborativa no final de uma aula”.      

1 comentário:

  1. Muito bem, Ricardo. Deixe-me só sublinhar a função de motivação da fase inicial da aula e a de síntese e avaliação do final da aula.
    Sérgio Claudino

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