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A quinta sessão de MEG teve a particularidade de contar com a presença da Professora Elena Muñoz, da Faculdade de Educação da Universidade de Castilla-La Mancha, cuja intervenção incidiu sobre a presença da Geografia no sistema de ensino em Espanha, bem como sobre a formação de professores no mesmo país, mais particularmente em Castilla-La Mancha.
Fiquei, assim, a conhecer vários aspetos relacionados com a
realidade espanhola neste âmbito, algo que considerei muito interessante,
permitindo-me estabelecer uma comparação geral face à realidade portuguesa.
Estas realidades são, regra geral, diferentes, sendo que em Espanha, por
exemplo, há uma legislação nacional, que pode ser depois adaptada por cada uma
das regiões aos respetivos territórios. Poder-se-á, assim, dizer que o grau de
autonomia regional é maior em Espanha, sendo que esta autonomia chega mesmo ao
nível das escolas. De salientar também que, em Espanha, a proximidade entre
Geografia e História é maior, sendo que a disciplina correspondente designa-se
sempre “Geografia e História” no ciclo designado por “Educación Secundaria
Obligatoria”, o que equivale ao período entre o sétimo e décimo ano de
escolaridade, em Portugal. Esta designação não implica, no entanto, que em
todos os anos sejam abordados, simultaneamente, conteúdos de ambas as áreas,
podendo ocorrer uma alternância de temas entre anos diferentes. A formação de
professores em Espanha está, também ela, organizada de uma forma algo
diferente, sendo que qualquer pessoa que ambicione ser professor,
independentemente da área científica, terá sempre de frequentar o “Máster
Universitario en Profesor de Educación Secundaria Obligatoria y Bachillerato,
Formación Profesional y Enseñanza de Idiomas”. Este curso de Mestrado decorre
durante um ano letivo, correspondendo a sessenta créditos e estando organizado
em três Módulos principais: “Común”, “Específico” e “Prácticum”. De salientar
que, no caso da Geografia, a especialidade correspondente é “Geografía,
Historia e Historia del Arte”, o que vem evidenciar, mais uma vez, a
proximidade entre Geografia e História. Esta foi, assim, uma oportunidade de
ter contacto com a realidade de um país tão próximo, mas com várias diferenças
em termos de sistema educativo.
Num segundo momento desta quinta sessão de MEG houve ainda
oportunidade para olhar para uma proposta no âmbito da planificação da
atividade letiva, a partir de excertos de um artigo da autoria do Professor
Sérgio Claudino, intitulado “A Planificação e a Introdução do Conflito no
Ensino de Geografia”. Trata-se de uma proposta, desenvolvida por Frances
Slater, pensada para uma aula de setenta minutos, a propósito do tema dos
recursos e exploração da terra na América do Sul e destinada a uma turma
britânica formada por alunos com idades entre os doze e os treze anos.
Relativamente a esta proposta, houve oportunidade de refletir em torno de
várias ideias que se revelam úteis quando pensamos na planificação de uma aula
de Geografia. Uma destas ideias diz respeito à diversidade de atividades que
podem ter lugar numa aula, o que contribui, em grande parte, para o seu
dinamismo e que pode, também, fazer toda a diferença no maior ou menor sucesso
da mesma. Frances Slater contempla, nesta sua proposta, atividades como a
análise de textos, o visionamento de vídeos, a produção de textos, o trabalho
em grupo, entre várias outras possibilidades. Um aspeto importante, associado a
esta diversidade de atividades, tem a ver com a “gradação” que deve estar na
base da organização das mesmas. As aprendizagens podem ser potenciadas se
houver uma preparação prévia, o que pode ser colocado em prática precisamente
através desta ideia de “gradação de atividades”. O visionamento de um vídeo,
por exemplo, pode ser precedido pela leitura de um texto de introdutório, tal
como é contemplado nesta proposta de Slater. Ainda no âmbito destas atividades,
há outro aspeto que merece ser destacado, mais concretamente a valorização da
produção escrita, presente nesta proposta, por exemplo, quando o visionamento
do vídeo tem uma atividade escrita associada. Esta proposta remete-nos ainda
para um outro aspeto importante, nomeadamente a questão do conflito, que é
destacado nesta proposta, levando os alunos a refletirem sobre dois pontos de
vista totalmente opostos em relação a um mesmo assunto. É fazendo os alunos viver este conflito, que eles melhor aprendem a
conhecer e a apropriar-se do mundo que os cerca (Claudino, 1992). Poder-se-á
questionar se esta proposta seria exequível em apenas setenta minutos, no
entanto a riqueza de aspetos a propósito da planificação da atividade letiva
motiva que a mesma mereça ser analisada neste âmbito.
Claudino, S. (1992). A Planificação e a Introdução do
Conflito no Ensino da Geografia. Actas do VI Encontro Nacional de
Professores de Geografia. Associação de Professores de Geografia, Lisboa,
p. 111-118.
Mais um comentário pertinente do Ricardo. Note-se como a formação inicial é mais abreviada em Espanha que em Portugal.
ResponderEliminarJá relativamente ao texto, com o pouco realismo dos tempos, uma proposta "didática", ainda não completamente terminada de analisar.