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Um conjunto de perguntas para um teste de avaliação
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Uma matriz de objetivos-conteúdos para estas perguntas |
Dando continuidade à abordagem iniciada anteriormente, na
décima terceira sessão de IPPI o tema das perguntas objetivas voltou a merecer
atenção. Houve, assim, espaço para uma reflexão a propósito das perguntas de
verdadeiro/falso, um excelente exemplo das chamadas perguntas de dupla
alternativa, a que já foi feita referência anteriormente. Tal como já foi
apontado, neste tipo de questões a probabilidade de se acertar ao acaso é muito
elevada, o que introduz algumas dúvidas quanto à utilização destas perguntas
num teste de avaliação, por exemplo. Esta desvantagem pode, no entanto, ser
atenuada, recorrendo à penalização das respostas erradas, o que leva a que a
probabilidade de se acertar ao acaso diminua. Basicamente, em vez de duas
opções, o aluno passa a poder escolher um de três cenários possíveis:
classifica a afirmação como verdadeira, classifica a afirmação como falsa, ou
opta por não responder. Importa destacar que, numa situação deste género, é
fundamental que a forma de correção (neste caso contemplando penalizações pelas
respostas erradas) esteja clara no enunciado da pergunta. Outra das formas de
tentar contornar a desvantagem destas questões consiste em contemplar um
significativo número de afirmações para classificar, o que vai contribuir,
também, para que a probabilidade de se acertar ao acaso seja menor. Perante
estes aspetos, que colocam este tipo de questões numa posição de maior
“fragilidade”, compreende-se que a estas perguntas não seja atribuída uma
cotação muito elevada. Para além das perguntas de verdadeiro/falso, foram ainda
abordadas as questões de preenchimento de lacunas, recordando a dificuldade
associada à sua correta formulação, bem como a importância de os espaços
destinados às respostas apresentarem todos a mesma dimensão. Mais uma vez, esta
análise partiu de sugestões de cada um dos mestrandos, o que permitiu observar,
na prática, os aspetos inerentes à elaboração deste tipo de perguntas.
Nesta sessão de IPPI houve também oportunidade para recordar
os vários tipos de avaliação, com uma análise mais pormenorizada quanto à
avaliação formativa. A propósito deste tipo de avaliação, é fundamental que o
professor faça alguma apreciação face ao trabalho desenvolvido pelo aluno numa
determinada tarefa, por exemplo. Só assim o professor poderá, verdadeiramente,
ajudar o aluno a melhorar o seu desempenho. Este é um aspeto que, a meu ver,
qualquer professor deve ter em conta, já que a avaliação formativa é, talvez,
um dos tipos de avaliação que mais frequentemente é aplicado no dia-a-dia da
sala de aula, o que justifica uma atenção especial quanto à forma como a mesma
avaliação decorre e quais são as suas reais implicações.
Foi, igualmente, retomado o tema da matriz de
objetivos-conteúdos, continuando a análise da relação entre os vários níveis da
Taxonomia de Bloom e os tipos de perguntas que podem surgir num teste de
avaliação. Assim, em relação ao nível da análise, este está associado a
perguntas que impliquem identificar as várias componentes que constituem uma
estrutura, tendo em conta a forma como estas se articulam. Uma pergunta que
implique uma análise da estrutura do comércio mundial é um bom exemplo de uma
questão a este nível. Relativamente ao nível da síntese, este apresenta uma
forte componente pessoal. Uma pergunta a este nível implicará mais do que um
mero resumo, há uma componente de criatividade e inovação que também deve estar
presente. Uma atividade que implique, por exemplo, a realização de um
inquérito, por parte dos alunos, enquadra-se neste nível. Finalmente, quanto ao
nível da avaliação, este apresenta um grau de exigência mais elevado. A
resposta a uma pergunta deste nível implica uma tomada de posição, a emissão de
um juízo devidamente fundamentado. Na realidade, a presença deste tipo de
questões nos testes de avaliação acaba por ser muito esporádica. Um exemplo de
uma pergunta com estas características é: “os países desenvolvidos protestam,
frequentemente, pela poluição dos países em desenvolvimentos, mas estes
respondem que recebem as atividades mais poluentes, rejeitadas pelos países
desenvolvidos. Pronuncie-se, de forma fundamentada, sobre esta questão”. Apesar
de ser possível encontrar, num teste de avaliação, perguntas que se enquadrem
em qualquer um destes níveis, desde a aquisição, até à avaliação, a verdade é
que, frequentemente, os três níveis mais contemplados são a aquisição, a compreensão
e a aplicação. Esta relação entre os níveis da Taxonomia de Bloom e as
perguntas num teste de avaliação remete-nos para as matrizes de
objetivos-conteúdos. Estas constituem instrumentos muito úteis quando
pretendemos perceber como está estruturado um teste de avaliação, já que nos
fornecem uma distribuição das respetivas perguntas por temas (conteúdos) e por objetivos
(níveis). A construção e utilização destas matrizes significa, na minha
opinião, um importante passo no sentido de chegar a um teste de avaliação
verdadeiramente equilibrado. Estes instrumentos podem fornecer-nos várias informações,
permitindo detetar eventuais discrepâncias. Através da matriz, é possível
perceber se existem conteúdos, ou níveis sobrevalorizados, por exemplo. Para
além disto, a utilização destas matrizes “obriga” a pensar em perguntas de
vários tipos, o que pode contribuir para uma maior diversidade associada ao
teste de avaliação, tornando-o mais “rico”. A matriz de objetivos-conteúdos é,
assim, mais um instrumento que pode fazer a diferença no sucesso das práticas
de qualquer docente, neste caso ao nível da estruturação dos testes de
avaliação.