Uma "falsa" pergunta de escolha múltipla |
Dando continuidade ao que já havia sido abordado
anteriormente, a décima segunda sessão de MEG centrou-se na temática das
perguntas objetivas.
Ainda quanto às perguntas de escolha múltipla, houve
oportunidade de abordar mais alguns aspetos, nomeadamente o posicionamento do
conceito e da respetiva definição. A este propósito, importa referir que, estruturalmente,
numa pergunta de escolha múltipla, fará mais sentido que o conceito surja no
enunciado da questão e a definição apareça nas hipóteses de resposta. Foi,
ainda, debatida a possibilidade de a opção “nenhuma das opções anteriores” ser
incluída como última hipótese de resposta. Não será incorreto contemplar esta
hipótese, no entanto, numa situação desta natureza, acaba por não ficar
demonstrado se o aluno sabe realmente definir um determinado conceito, por
exemplo. Por outras palavras, o professor não ficará com a certeza de que o
aluno conhece a resposta correta. É igualmente importante não confundir
perguntas de escolha múltipla com perguntas de dupla alternativa. Existem, por
exemplo, perguntas em que se pretende que se selecionem várias opções, estando
todas elas corretas. Embora sejam, frequentemente, referenciadas como perguntas
de escolha múltipla, na realidade estas são perguntas de dupla alternativa.
Basicamente, quem responde a uma pergunta desta natureza tem sempre duas
alternativas perante cada hipótese, decidindo se a seleciona, ou não, como
correta. Nas perguntas de dupla alternativa, a probabilidade de se acertar ao
acaso é muito elevada, o que deixa este tipo de questões numa posição de
desvantagem. Ainda em relação às perguntas de escolha múltipla, é importante
não utilizar advérbios de exclusividade na construção das hipóteses de
resposta. A utilização de termos como “sempre”, ou “nunca” está, habitualmente,
associada a hipóteses de resposta incorretas, o que pode, à partida,
influenciar o grau de atenção que o aluno dedicará a cada uma das hipóteses que
lhe são apresentadas, aquando da respetiva análise.
Nesta sessão houve ainda oportunidade de fazer referência às
perguntas de associação ou correspondência, também elas pertencentes ao grande
grupo das perguntas objetivas. Estas têm a vantagem de permitir avaliar vários
conteúdos em pouco tempo, o que faz com que as perguntas de associação ou
correspondência sejam uma possibilidade a ter em conta, aquando da construção
de um teste de avaliação. Não é demais realçar que, neste tipo de perguntas, é
fundamental que esteja clara, no enunciado da questão, a forma como a mesma
deve ser respondida, já que existem várias possibilidades em termos de
organização destas respostas. No caso de uma pergunta deste género contemplar,
por exemplo, duas colunas com termos que devem ser associados, importa que o
número de termos em cada coluna seja diferente, para prevenir possíveis
respostas aleatórias. A ordem das colunas também não deve ser escolhida ao
acaso, devendo a primeira coluna incluir as noções fundamentais e a segunda
coluna os atributos, algo que respeita a própria sequência de leitura e
análise. De igual modo, no caso de existirem espaços para resposta, estes devem
surgir depois das hipóteses e não antes.
No final desta sessão de MEG, foi ainda introduzido o tema
da matriz de objetivos-conteúdos, instrumento útil quando o objetivo é
compreender como está organizado um teste de avaliação. Foi, assim,
estabelecida uma relação entre os três primeiros níveis da Taxonomia de Bloom e
alguns dos tipos de perguntas que podem fazer parte de um teste de avaliação.
Quanto à aquisição de conhecimentos, esta está associada a perguntas que apelam
à memorização, como por exemplo a definição de um conceito. Relativamente ao
nível da compreensão, este está associado à capacidade de interpretação. As
perguntas que envolvem a leitura de mapas ou gráficos são um bom exemplo do que
pode ser feito a este nível. Quanto à aplicação, esta está associada a
perguntas que impliquem relacionar variáveis, aplicando conhecimentos a novas
situações. As perguntas em que se pretende justificar a evolução de um
determinado fenómeno enquadram-se neste âmbito. As matrizes de
objetivos-conteúdos são, assim, instrumentos que podem ser muito úteis,
merecendo ser explorados convenientemente, com vista a tirar partido das suas
potencialidades. Este tema será retomado pois, a propósito do mesmo, há ainda
muito a dizer.
Um excelente síntese, não é de mais notar....
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