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Carta Internacional da Educação Geográfica

quinta-feira, 26 de maio de 2016

A matriz de objetivos-conteúdos: um instrumento para “entender” o teste de avaliação

Um conjunto de perguntas para um teste de avaliação
Uma matriz de objetivos-conteúdos para estas perguntas

Dando continuidade à abordagem iniciada anteriormente, na décima terceira sessão de IPPI o tema das perguntas objetivas voltou a merecer atenção. Houve, assim, espaço para uma reflexão a propósito das perguntas de verdadeiro/falso, um excelente exemplo das chamadas perguntas de dupla alternativa, a que já foi feita referência anteriormente. Tal como já foi apontado, neste tipo de questões a probabilidade de se acertar ao acaso é muito elevada, o que introduz algumas dúvidas quanto à utilização destas perguntas num teste de avaliação, por exemplo. Esta desvantagem pode, no entanto, ser atenuada, recorrendo à penalização das respostas erradas, o que leva a que a probabilidade de se acertar ao acaso diminua. Basicamente, em vez de duas opções, o aluno passa a poder escolher um de três cenários possíveis: classifica a afirmação como verdadeira, classifica a afirmação como falsa, ou opta por não responder. Importa destacar que, numa situação deste género, é fundamental que a forma de correção (neste caso contemplando penalizações pelas respostas erradas) esteja clara no enunciado da pergunta. Outra das formas de tentar contornar a desvantagem destas questões consiste em contemplar um significativo número de afirmações para classificar, o que vai contribuir, também, para que a probabilidade de se acertar ao acaso seja menor. Perante estes aspetos, que colocam este tipo de questões numa posição de maior “fragilidade”, compreende-se que a estas perguntas não seja atribuída uma cotação muito elevada. Para além das perguntas de verdadeiro/falso, foram ainda abordadas as questões de preenchimento de lacunas, recordando a dificuldade associada à sua correta formulação, bem como a importância de os espaços destinados às respostas apresentarem todos a mesma dimensão. Mais uma vez, esta análise partiu de sugestões de cada um dos mestrandos, o que permitiu observar, na prática, os aspetos inerentes à elaboração deste tipo de perguntas.

Nesta sessão de IPPI houve também oportunidade para recordar os vários tipos de avaliação, com uma análise mais pormenorizada quanto à avaliação formativa. A propósito deste tipo de avaliação, é fundamental que o professor faça alguma apreciação face ao trabalho desenvolvido pelo aluno numa determinada tarefa, por exemplo. Só assim o professor poderá, verdadeiramente, ajudar o aluno a melhorar o seu desempenho. Este é um aspeto que, a meu ver, qualquer professor deve ter em conta, já que a avaliação formativa é, talvez, um dos tipos de avaliação que mais frequentemente é aplicado no dia-a-dia da sala de aula, o que justifica uma atenção especial quanto à forma como a mesma avaliação decorre e quais são as suas reais implicações.


Foi, igualmente, retomado o tema da matriz de objetivos-conteúdos, continuando a análise da relação entre os vários níveis da Taxonomia de Bloom e os tipos de perguntas que podem surgir num teste de avaliação. Assim, em relação ao nível da análise, este está associado a perguntas que impliquem identificar as várias componentes que constituem uma estrutura, tendo em conta a forma como estas se articulam. Uma pergunta que implique uma análise da estrutura do comércio mundial é um bom exemplo de uma questão a este nível. Relativamente ao nível da síntese, este apresenta uma forte componente pessoal. Uma pergunta a este nível implicará mais do que um mero resumo, há uma componente de criatividade e inovação que também deve estar presente. Uma atividade que implique, por exemplo, a realização de um inquérito, por parte dos alunos, enquadra-se neste nível. Finalmente, quanto ao nível da avaliação, este apresenta um grau de exigência mais elevado. A resposta a uma pergunta deste nível implica uma tomada de posição, a emissão de um juízo devidamente fundamentado. Na realidade, a presença deste tipo de questões nos testes de avaliação acaba por ser muito esporádica. Um exemplo de uma pergunta com estas características é: “os países desenvolvidos protestam, frequentemente, pela poluição dos países em desenvolvimentos, mas estes respondem que recebem as atividades mais poluentes, rejeitadas pelos países desenvolvidos. Pronuncie-se, de forma fundamentada, sobre esta questão”. Apesar de ser possível encontrar, num teste de avaliação, perguntas que se enquadrem em qualquer um destes níveis, desde a aquisição, até à avaliação, a verdade é que, frequentemente, os três níveis mais contemplados são a aquisição, a compreensão e a aplicação. Esta relação entre os níveis da Taxonomia de Bloom e as perguntas num teste de avaliação remete-nos para as matrizes de objetivos-conteúdos. Estas constituem instrumentos muito úteis quando pretendemos perceber como está estruturado um teste de avaliação, já que nos fornecem uma distribuição das respetivas perguntas por temas (conteúdos) e por objetivos (níveis). A construção e utilização destas matrizes significa, na minha opinião, um importante passo no sentido de chegar a um teste de avaliação verdadeiramente equilibrado. Estes instrumentos podem fornecer-nos várias informações, permitindo detetar eventuais discrepâncias. Através da matriz, é possível perceber se existem conteúdos, ou níveis sobrevalorizados, por exemplo. Para além disto, a utilização destas matrizes “obriga” a pensar em perguntas de vários tipos, o que pode contribuir para uma maior diversidade associada ao teste de avaliação, tornando-o mais “rico”. A matriz de objetivos-conteúdos é, assim, mais um instrumento que pode fazer a diferença no sucesso das práticas de qualquer docente, neste caso ao nível da estruturação dos testes de avaliação.

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