O tema da elaboração de questões no âmbito de um teste de
avaliação, tal como já ficou patente em reflexões anteriores, assume um papel
de especial relevo quando pensamos em prática letiva. A décima primeira sessão
de MEG retomou, precisamente, este tema, mais concretamente ao nível dos
grandes tipos de questões que podem fazer parte de um teste de avaliação.
Desde logo, podemos fazer uma distinção entre dois grandes
grupos de questões. Por um lado, encontramos as perguntas de produção de texto
e, por outro lado, as chamadas perguntas objetivas. Relativamente ao primeiro
grupo, um teste de avaliação pode contemplar perguntas de produção de texto,
cuja resposta seja fechada, mais curta, acabando por se aproximar das perguntas
consideradas objetivas. Um exemplo de uma questão com estas características é:
“qual a capital de França?”, pergunta que não deixa de ser de produção de
texto, ainda que pressupondo uma resposta relativamente curta, fechada e
objetiva. Apesar de este tipo de situações ser possível e acontecer, na verdade
as perguntas de produção texto estão, muitas vezes, associadas a respostas mais
abertas e, por conseguinte, mais longas. Estas são perguntas que apelam a
níveis cognitivos mais elevados por parte dos alunos, estimulando a
criatividade destes, ao mesmo tempo que contribuem para o desenvolvimento das
suas capacidades de comunicação escrita. Nestas perguntas há margem para a
existência de critérios mais abrangentes, sendo a componente de subjectividade
também maior. No fundo, podemos dizer que, neste tipo de perguntas, a
probabilidade de o aluno obter cotação zero na sua resposta, assim como de
obter a cotação máxima possível é substancialmente menor. Esta subjectividade inerente
pode ser vista como um ponto positivo acerca destas questões, no entanto pode
também ser encarada como uma dificuldade, nomeadamente aquando da correção das
respostas a estas perguntas, por parte do professor. Inevitavelmente, tendo em
conta todos estes aspetos, compreende-se que esta correcção requeira também
mais tempo para a sua concretização. Ainda relativamente à construção de
questões de produção de texto, existe um conjunto de outros aspectos que devem
ser tidos em conta, para que se obtenham perguntas efetivamente bem formuladas.
Desde logo, é importante não esquecer que os alunos necessitam de mais tempo
para a resposta a estas perguntas, devendo este aspeto ter influência no número
total de questões que compõem o teste de avaliação. É também importante que
estas perguntas se iniciem pelo verbo que indica a ação que é suposto ser
realizada, o que torna a questão mais clara para o aluno, atendendo a que se
pretende que o mesmo se concentre apenas na concretização da acção solicitada,
não se “dispersando” na sua resposta. Para além disto, uma questão desta
natureza deve avaliar apenas um único objetivo, ou seja, uma mesma pergunta não
deve implicar uma descrição e uma justificação, por exemplo. A este propósito,
importa ainda delimitar/orientar a resposta, identificando alguns aspetos que o
aluno deve ter em conta na sua elaboração. Este aspeto faz particular sentido
em perguntas que impliquem um comentário, por exemplo.
Em relação às perguntas objetivas, estas apelam a
conhecimentos factuais e, por conseguinte, a níveis cognitivos mais baixos. Uma
das grandes vantagens normalmente associadas a este tipo de questões diz
respeito à sua correção, que é bastante mais rápida comparativamente, por
exemplo, com as perguntas de produção de texto, de resposta aberta. As
perguntas objetivas podem assumir diferentes formatos, como por exemplo itens
de seriação ou ordenação, mais concretamente através da definição de ordens e
sequências. Neste grande grupo de perguntas, encontramos ainda itens de
completamento ou preenchimento de lacunas, formato de questão em que é
importante que existam mais palavras-chave do que espaços em branco, para
prevenir eventuais respostas puramente aleatórias por parte dos alunos, sendo
também importante que estes espaços em branco apresentem todos a mesma
dimensão. Estas são, de resto, perguntas cuja construção não é propriamente
simples e direta. Outro dos formatos de pergunta neste âmbito consiste nos
itens de associação ou correspondência. A propósito destas questões, importa que
seja claro, no enunciado das mesmas, a forma como estas devem ser resolvidas,
para além de que, entre ambas as colunas, deve haver uma diferença entre o
número de itens, na ordem dos 50%, mais uma vez para prevenir possíveis
respostas aleatórias por parte dos alunos.
Um boa síntese do que foi abordado, uma vez mais!
ResponderEliminar