Os professores constituem o mais importante recurso em educação. Devido a este facto e à complexidade dos estudos geográficos, são essenciais professores especialistas possuidores de uma adequada formação profissional.
Carta Internacional da Educação Geográfica

quinta-feira, 5 de maio de 2016

A promoção de uma cidadania responsável foi a grande vencedora

Uma visão da Aula Magna durante a Sessão Plenária

O autor deste blogue "entre a multidão"

No passado dia 26 de abril, a convite da Professora Fátima Capelo, uma das minhas orientadoras cooperantes em IPPI, tive a oportunidade de participar no Seminário Nacional do Projeto “Nós Propomos”, que decorreu no IGOT e na Aula Magna da Universidade de Lisboa. Esta foi, para mim, uma experiência duplamente enriquecedora, já que, para além de me possibilitar um contacto mais próximo com o projeto em questão, permitiu-me também experienciar uma realidade inerente à prática profissional de qualquer professor de Geografia - a visita de estudo.

Ao acompanhar a Professora Fátima Capelo, juntamente com a sua turma participante no projeto, pude ter contacto com a realidade com que se depara um professor ao participar numa visita de estudo. Reunir todos os alunos antes da partida, contornar a questão dos atrasos, assegurar que o grupo se mantém “debaixo de olho” são preocupações que qualquer professor vai vivenciar e para as quais deve estar preparado quanto participa numa visita de estudo. De acordo com esta perspetiva, considero que esta experiência foi muito importante no âmbito do meu percurso formativo. Sendo a visita de estudo algo com uma particular relevância, particularmente no caso da Geografia, uma adequada preparação em termos de formação docente não é, a meu ver, algo a desvalorizar, antes pelo contrário. Nada como participar, in loco, numa atividade deste género para efetivamente se consciencializar da forma como tudo se processa.

Quanto ao projeto “Nós Propomos” não é demais elogiar a sua vertente de promoção de uma cidadania responsável junto dos jovens estudantes, adultos de amanhã. Durante toda a manhã, alunos de vários pontos do país tiveram oportunidade de apresentar os seus projetos, algo que, a meu ver, foi duplamente importante, uma vez que, para além da promoção da cidadania responsável juntos destes alunos (algo presente na base de todos os projetos), contribuiu também para um desenvolvimento das próprias competências comunicativas destes alunos, algo que, sem dúvida, será muito útil no seu futuro. Para além destas duas vertentes, não podemos também esquecer que a participação dos estudantes neste tipo de iniciativas promove ainda competências como a responsabilidade e a autonomia, igualmente fundamentais no âmbito do seu processo formativo. Pessoalmente, tive oportunidade de assistir a duas das sessões de apresentação de projetos, no âmbito das quais fiquei a conhecer propostas indiscutivelmente pertinentes, abrangendo temáticas muito diversas. A reabilitação de espaços degradados como hospitais, bibliotecas, centros comerciais, bem como de património natural, como por exemplo as salinas; a revitalização de centros históricos; a promoção das atividades agrícolas em áreas onde as mesmas têm ficado “esquecidas”; a aposta em equipamentos para fins turísticos; o aproveitamento da natureza e dos espaços verdes; a sustentabilidade ecológica. Todas estas áreas de intervenção foram contempladas nas várias apresentações a que assisti, o que atesta a capacidade de estes alunos identificarem problemas na sua área de residência, bem como o dinamismo e espírito de iniciativa evidenciado pelos mesmos, ao nível da apresentação de propostas de resolução e melhoria. Este é, a meu ver, um indicador que nos deve deixar animados, já que constitui um sinal de que há condições para um futuro em que uma cidadania responsável e interventiva tenha uma significativa presença. Estes aspetos acabaram também por estar presentes nas intervenções dos vários oradores que participaram na Sessão de Plenária do Seminário, realizada na Aula Magna. Destas intervenções, destaco algumas ideias que, a meu ver, foram transversais, nomeadamente o estímulo à participação dos jovens no Poder local, o fomento de um discurso de construção, de apresentação de propostas baseadas num ideal de intervenção responsável ao nível de cidadania, com vista à construção de um futuro melhor. Nas palavras do Professor Diogo Abreu, há que apostar em “cidadãos com liberdade e vontade de intervir”.


No final do dia, teve lugar a entrega de prémios aos melhores projetos, mas arrisco-me a dizer que a grande vencedora foi mesmo a promoção de uma cidadania responsável.

1 comentário: