"Savoir penser l´espace", de Merenne Schoumaker |
Na décima segunda sessão de IPPI houve espaço para a
abordagem de vários e diversificados temas, o que contribuiu, a meu ver, para
que esta sessão fosse “rica” em conteúdos.
A organização do Programa da disciplina de Geografia A foi
um destes temas abordados, mais concretamente ao nível da sua estruturação em
temas e subtemas, contrariamente ao acontece quantos às Metas Curriculares para
o Ensino Básico, estruturadas em domínios e subdomínios. Estes são pormenores
particularmente importantes quando se trata de construir planificações letivas.
Nesta sessão houve também oportunidade de analisar o texto “Savoir
penser l´espace”, da autoria de Merenne-Schoumaker, análise esta que serviu um
pouco como sistematização de algumas ideias que já haviam sido abordadas
anteriormente, nomeadamente quanto ao esquema metodológico que, segundo esta
autora, deve estar inerente à educação geográfica. Parte-se de um conhecimento prático,
que os alunos detêm intuitivamente, conhecimento este que é, posteriormente,
confrontado com informação documental, de cariz científico. Desta confrontação nasce
um conhecimento mais coerente e integrado, o qual se transforma ainda, numa
fase posterior, em conhecimento aplicado. Em todas as fases deste “processo”, o
docente tem sempre um papel importante, o que, na minha opinião, torna ainda
mais útil a análise deste texto para qualquer professor, ou futuro professor.
Outro dos temas abordados nesta sessão de IPPI consistiu na
importância das atividades de pré e pós observação, no âmbito da prática letiva.
Em relação às atividades de pré-observação, estas passam por uma
contextualização, caracterização das turmas, das aprendizagens que estas estão
a realizar, bem como dos problemas existentes. Esta é uma fase em que assistir
a aulas destas turmas se torna uma tarefa fundamental para a concretização dos
objetivos da mesma fase. Quanto às atividades de pós-observação, refletir é,
talvez, a palavra-chave. Trata-se de uma fase de balanço, quer pessoal, quer
partilhado, onde o registo escrito assume, igualmente, um papel de relevo.
A abordagem de assuntos da atualidade em contexto de sala de
aula foi outro dos temas analisados no âmbito desta sessão. É certo que não devem
ser os temas quotidianos, com toda a sua imprevisibilidade, a estruturar uma
aula, no entanto há espaço, neste contexto, para a abordagem destes temas, com
que os alunos se vão deparando no seu dia-a-dia. Atualmente, o acesso a
informação abundante e diversificada é cada vez maior e mais fácil, porém este
acesso não significa, necessariamente, uma correta utilização de toda esta
informação. A propósito desta questão, a Escola pode e deve desempenhar um
papel crucial, já que pode ajudar o aluno a mobilizar esta informação da melhor
forma, bem como saber interpretá-la corretamente. Esta abordagem, em sala de
aula, dos temas da atualidade acaba por nos remeter para as relações entre
Política e Geografia. Este é, frequentemente, um assunto algo delicado, em
virtude de algumas “apropriações” que, ao longo do tempo, a Política foi
fazendo em relação à Geografia e que acabaram por deixar alguns “traumas”.
Veja-se, a este propósito, o exemplo do Nazismo alemão, que se socorreu de perspetivas
desenvolvidas no âmbito da Geografia para legitimar a sua ação ditatorial, mais
concretamente a Teoria do Espaço Vital, de Ratzel. Há, assim, uma tendência
para uma certa retração ao aproximar Política e Geografia. Esta tendência não
tem, no entanto, de perdurar, já que não podemos esquecer a influência da decisão
política na construção do território. Dito isto e tendo em conta que a Escola deve
ser um espaço de reflexão, faz sentido que o professor encoraje os seus alunos
a verbalizarem as suas opiniões quanto a este tipo de temas, refletindo acerca
dos mesmos. Levando os alunos a debaterem os seus pontos de vista, a Geografia
pode ajudá-los a “descodificar” as várias mensagens com que se deparam no seu
dia-a-dia.
Uma excelente síntese, Ricardo!
ResponderEliminarUma excelente síntese, Ricardo!
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